Minha pequena, minha Beatriz, parabéns.

Há precisamente 6 anos, estava eu a receber a grandiosa noticia de que nasceras, e eu tinha acabado de sair daquele hospital em Matosinhos, onde o pai chorava de emoção e a mãe tinha tantas, mas tantas dores, e tanta mas tanta felicidade. Chorei de saudade de não ter os pais comigo nessa noite, era a filha única, e ainda não sabia como iria ser lidar com os ciumes, irias ser igual a mim, loira, ou morena? Eu via-te branquinha, pequenina, sonhei toda a noite contigo. Queria ser a primeira a pegar, a primeira a te olhar, iríamos partilhar tudo daquele momento em diante, o mesmo padrinho, a mesma madrinha, o mesmo quarto, e eu que estava habituada a ter tudo só para mim, afinal, ainda era uma menina com 13 anos, acabados de fazer.

Quando te olhei, eu nem conseguia acreditar, daquela barriguinha pequenina da mãe tu nasceste, eu tinha passado nove meses à tua espera. Eras tão bonita. Eras tão minha. A minha irmã, a minha pequenina. Estou com as imagens na minha cabeça, todas, aquela roupinha amarelinha, dava cor aquela enfermaria. E cara da mãe? A alegria do pai estampada naquela que era sempre a cara de pai? Foi como se fosse um momento de magia, ainda me lembro de como a mãe me contou que estava à espera de um bebé, de ti, com um pacote de leite de mamã. Na altura eu nem entendi, olhei a mesa, o leite mas, não, não podia nem conseguia acreditar que era mesmo realidade. Deu para superar do nosso irmão, que seria mais velho que tu, mas enfim, são coisas da vida. Tu és nossa minha menina, e enches de alegria todo o sitio por onde passas.

Fui-me habituando a ti, ao teu cheiro de bebé, e agora, já nem sei o que é não discutir contigo todos os dias.

O tempo foi passando, e os teus primeiros passos deste a seguir às primeiras palavras. Do teu cabelo claro cheio de cachinhos me orgulhava, a tua cara redondinha, e tua voz de bebé, de bebé feliz. Dizias mamã, papá e mana, da tua boca saíam palavras mas para nós eram tesouros, tais que fazíamos questão de ligar para toda a família a contar.

E as asneiras que o pai te ensinou? Eras tão engraçadinha a dizer, e agora bates-nos se dizemos algumas.

O tempo passou, e eu tenho cada vez mais orgulho de ti, da irmã que és. Sei bem que me amas, sei bem que te amo meu amor.

Adoro passear contigo de mão dada, e ouvir na rua dizerem que és linda.

Adoro quando danças ballet para mim, e adoro quando tens a mania que és inteligente, minha pequenina, só tens 6 anos.

Tinhas 3 anos quando inicias-te as aulas como uma bailarina, eras a melhor aos nossos olhos, e para mim serás sempre, mesmo passando os dias a dizer que não :b , no espectáculo de Natal, só dançavas à dois meses, eras a mais nova mas não conseguiste que mais uma vez, por ti, as lágrimas de emoção não caíssem, minha princesa.

Evoluíste, e hoje o teu andar já é de uma grandiosa bailarina, parabéns.

No dia em que entraste para a escolinha, a mão, a tia, e as avós ficaram de coração nas mãos, eras tão pequenina e não estavas habituada a tantos meninos. Conseguiste surpreender de novo, fizeste novas amizades, aprendeste a escrever o teu nome, e a fazer contas de somar.

sabes a tabuada do 1, e isso já é outro orgulho. Serás sempre assim, um orgulho para nós? :)

Não me vou esquecer dos sermões da mãe por desarrumares tudo e eu não querer ajudar, não me vou esquecer de eu querer ter um momento para mim e me obrigares a brincar contigo. O teu mundo de fantasia preenche de alegria esta casa, as tuas bonecas espalhadas pela casa, a loucinha de brincar na cozinha, e os piriquitos barulhentos que a vizinha da frente te ofereceu, não me vou esquecer do tempo a apreciar o aquário contigo, e dos peixinhos que nasceram à mais ou menos um mês. Não me vou esquecer que obrigas toda a ir às tuas festas, com bolinhos de fingir, na entrada de nossa casa, não fazes nada a não ser cantar aos berros e dançar feita tonta (: , mas pronto, senão formos somos más. Poderia dizer que fica um sossego quando tu adormeces, mas nem isso, adormecemos quase sempre primeiro que tu. E quando eras pequenina, pedias à mãe para te bater senão, não irias dormir, és doida minha irmã.

Isto tudo para te desejar os parabéns, e para te prometer, que o teu amor, o meu amor, e a minha vida não seria a mesma sem ti. Não saberia estar um dia sem ti, sem te ouvir.

Dança para mim, cresce comigo, pede-me ajuda na escola, que já vais para a primária, e sempre, mas sempre, não te esqueças que és nossa, e para mim és mais que uma irmã, és tudo. daria a vida por ti, se necessário. Beatriz, ou Bea, com quiseres, não mudes, não cresça depressa, deixa-me aproveitar, já passaram 6 anos minha bebé. Enquanto eu escrevo, estás a dormir que nem um anjo, a sonhar com as festinhas de aniversário da escola, do ballet, e de cá de casa. Parabéns.

Amo-te (L)