quarta-feira, 22 de setembro de 2010

adeus pai.

Chegou a hora de partir, e eu achava que ainda iria adiar mais uns meses, pelo menos mais uns longos meses. Quando eu dizia 'é hoje, é hoje que eu saio de casa' , mas não, eu chorava, berrava, desesperava, mas não, eu não saía, ficava sempre naquela noite, por mais um dia, e achava que no dia a seguir virias falar comigo e tudo iria mudar. Não, eu continuava errada. Não, tu não mudavas, e para dizer a verdade, acho que não mudas nunca. Não, tu não serás mais o PAI perfeito que tiveras sido, deixaste de o ser, ou secalhar, nunca foste, apenas fingias uma máscara para eu ser uma criança feliz.
A criança que todos os anos passava férias, no natal tinha tudo que pedia e ainda o que nem sonhava que existia, pois é, o meu material escolar sempre foi o melhor e a mochila era todos os anos trocada pelaq ue eu quisesse, tu só chegavas à caixa e pagavas, e corriamos naquela alegria de eu ser sempre a melhor. Querias que eu fosse doutora, mas desiludi-te, eu preferi deixar a escola. Passavamos fins-de-semana na neve, outros em espanha nos castelos mais bonitos, em lisboa viamos os jogos do benfica, os peixinhos do oceanário e jantavamos no Colombo, no Algarve passavamos as melhores férias, e nem havia limites. E os passeios de barco? Ias levar-me à escola, e ias buscar-me e despedias-te de mim sempre com um beijinho e um 'até logo' , pois é, eu fui uma criança muito feliz, e tive o melhor inicio na adolescência. O melhor. Segui todos os teus concertos, e via-te com um orgulho, sempre disse que eras o melhor pai, o M-E-L-H-O-R .
Porquê que mudaste ? Porquê que deixaste de ser quem tu eras, quando eu era pequenina ? Diz-me, eu só queria uma justificação.
Tiveste a tua escolha, mas agora vais saber por outros que eu cresci e mudei, tenho outras responsabilidades, já não preciso do teu dinheiro, da tua água, da tua comida nem da tua luz, tenho tudo meu, e pago com o meu dinheiro. A minha casa. É tudo meu, e nada teu, nem será, deixei a casa da minha infancia de lado. Quando sentir saudades, eu ainda tenho as chaves e na tua ausência eu posso, até, lá ir. Vou sempre recordar as noites de natal, os jantares, ou tu de barriga grande e barba branca a fingir ser o pai natal, as noites de ano novo, e o primeiro brinde, os jantares e os almoços. Vou recordar a minha vergonha quando soubeste que eu era mulherzinha, e as lágrimas juntos. Vou lembrar-me do mais forte abraço. ainda so tem 15 dias, foi quando promesteste mudar, mas não. Arranjas sempre maneira para me acusar de tudo. Deixa PAi, não dá mais. mas obrigada por me teres feito uma criança feliz, agora lembra-te : quem destruíu esta familia foste TU, TU, e só TU.
Vou começar este novo cápitulo sendo agora uma jovem adulta, sempre em busca de mais, e só desejo ter o que sempre quis, mas sendo tudo meu, e meu, de mais ninguém, muito menos teu.
Não me despeço mais de ti, e já deitei a última lágrima, naquela noite que te disse não mais perdoar, amei tudo, até ter 13 anos.
Um beijo, Sarinha.

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